Biografia
Nasci em Lisboa, em 1973. Estudei Direito, mas algum tempo depois – no ano 2000 –quis ir à procura de outros caminhos e fui parar a Londres, onde realizei um mestrado em Sociologia da Comunicação, fiz cursos
de Escrita Criativa e voltei a ler livros para crianças.
Em 2002 regressei a Portugal e escrevi o primeiro livro, o qual, em 2003, foi recomendado para publicação pelo Prémio Branquinho da Fonseca (Expresso/Gulbenkian).
Fui editora durante 12 anos. Adoro música e sou viciada em letras de canções.

Porque escrevo para crianças?
Tive a melhor infância do mundo, cheia de afetos e de muitas horas a rir e a cantar. Tenho dois irmãos e vivi rodeada de primos, o que, devo dizer, foi das coisas importantes que me aconteceram na vida. Ainda hoje, a minha infância é mais do que uma simples recordação; a minha infância acompanha-me sempre, onde quer que eu vá e em tudo o que faço.

Quando é que eu comecei a escrever? Escrevi o primeiro livro aos 29 anos, mas gosto de pensar que comecei a escrever aos sete, quando fiz as primeiras composições na Escola “Ave-Maria”, acompanhada por professoras fantásticas, que muito me incentivaram. A Adalcina, minha professora da 3ª classe, sempre disse que eu ia ser escritora, e foi com a maior alegria que a encontrei nos lançamentos dos meus livros.
Os meus pais não são de Lisboa, cidade onde nasci e quase sempre vivi, e para mim foi uma sorte poder passar longas temporadas com a família na Covilhã (terra da minha mãe) e na Serra da Estrela, e também em Braga (terra do meu pai) e Moledo do Minho. As experiências que passei em ambientes tão diferentes dos da minha cidade foram um enriquecimento e são uma constante inspiração para as histórias que escrevo.
Sempre gostei de ouvir e de contar histórias. Em criança, adorava escrever cartas e nelas relatar as peripécias do meu dia a dia. Na verdade, a nossa vida real tem muitas histórias lá dentro, que um escritor pode guardar nos seus contos.
No ano 2000, aos 27 anos e com uma profissão que nada tinha que ver com livros para crianças, fui estudar para Londres, onde redescobri a grande aventura que é ler histórias para a infância. Dei comigo a passar tardes em bibliotecas e livrarias, em volta dos livros para os mais novos. Fiz cursos de escrita criativa, que me levaram a parar para escrever e pensar sobre os mistérios da escrita (e ainda bem que são mistérios, senão não teria graça nenhuma).
Quando voltei, em 2002, a minha prima Joana mandou-me escrever uma história. Almoçávamos as duas junto ao molhe, no Porto, e ela deu-me um prazo e tudo. Então escrevi A História da Pequena Estrela. A parte mais bonita de toda esta aventura não vem nesse livro, mas eu posso desvendá-la aqui: tem que ver com a alegria vivida pela minha família e pelos amigos por eu ter encontrado o meu caminho no mundo das histórias. Todos festejaram, e esta minha descoberta fez também parte da vida de cada um.
Desde essa altura, e porque a imaginação não acaba e o mistério que é viver também não, tenho continuado a escrever e a surpreender-me com as palavras: ora mando eu nelas, ora mandam elas em mim. E o universo infantil de que eu tanto gosto torna este jogo ainda mais divertido e leva-me de novo a esse tempo tão vivido e ainda hoje tão sonhado.
Escrever para crianças é, pois, uma maneira de voltar ao encantamento da infância que tive, procurando reviver os risos, os olhares sem preconceitos, os pensamentos genuínos e livres das responsabilidades que invadem cada minuto da vida dos adultos. Não se trata de fugir de alguma coisa, mas sim de não esquecer o essencial.